quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Para marcar o retorno um artigo de Fisiologia do Exercício

Aspectos Relacionados Com a Otimização do Treinamento Aeróbio Para o Alto Rendimento

O objetivo por parte dos autores deste estudo foi apresentar recomendações visando à otimização do treinamento aeróbico, a partir do conhecimento dos índices de aptidão funcional e seus mecanismos fisiológicos, para tal objetivo o enfoque dado foi aos treinos intervalados de alta intensidade.

Atualmente tratando-se de atletas altamente treinados a precisão na elaboração da carga de treinamento pode ser a diferença para a conquista da vitória. Nestes indivíduos é comum a carga de treinamento oscilar entre estímulos apenas excitatórios e o excesso de carga, levando o atleta muitas vezes a iniciar com sintomas característicos da síndrome do overtraining.

Em pessoas destreinadas, após iniciarem uma atividade física ocorrem alterações fisiológicos rápidas no consumo máximo de oxigênio (VO2máx), aumento do número de capilares sanguíneos, aumento da atividade enzimática bem como aumento das reservas de glicogênio, porém estes aumentos não se verificam em atletas altamente treinados, sendo este um dos vieses importantes na prescrição de exercícios e em boa parte da literatura sobre o assunto que muitas vezes valem-se de dados obtidos em estudos com pessoas destreinadas ou atletas recreacionais.

Segundo os autores a partir do momento que o indivíduo atinja um VO2máx na casa de 60ml\Kg\min o desempenho de resistência não irá mais ser incrementado apenas no volume de treino submáximo. Ou seja, quanto mais condicionado for o indivíduo maior serão as intensidades necessárias para promover e manter as adaptações.

A otimização de um programa intervalado de alta intensidade refere-se a busca da melhor relação entre intensidade do exercício, duração e número de esforços, bem como a duração e o tipo de recuperação, seja ativa ou passiva, entre os esforços. Essas variáveis são manipuladas conforme a periodização do treinamento (microcliclos, mesociclos e macrociclos), estado de treinamento e respostas à individualidade biológica.

Para a prescrição de intensidade tem se estudado inúmeras variáveis, entre elas incluem-se o consumo máximo de oxigênio, menor intensidade onde o VO2máx é atingido, máxima fase estável de lactato sangüíneo e limiar de lactato, ou simplesmente a utilização da relação velocidade\intensidade que o atleta mantém durante a prova. Para muitos colocar um atleta para se exercitar em intensidades próximas a da prova, garantiria estímulos capazes de melhorar o rendimento na intensidade desejada. Porém, esta forma vai de encontro da utilização da prescrição da intensidade pelas rotas metabólicas a serem treinadas, ou seja, cada vez mais utilizasse o conhecimento do tempo ou do estímulo necessário para treinar, tanto capacidade como potência das rotas metabólicas.

A forma de prescrição da intensidade do exercício defendida pelos autores para ser utilizada em um treinamento intervalado de alta intensidade é a menor intensidade onde o VO2máx é atingido(IVO2máx), isto devido ao aumento do VO2máx e na performance do atletas serão somente alcançados treinando na IVO2máx ou acima dela.

Nestes treinamentos mais intensos as fibras do tipo II seriam induzidas a trabalhar de forma aeróbica, pois são mais recrutadas, aumentando sua capacidade oxidativa, aumentando a capacidade oxidativa total e também ser um estímulo para acelerar a síntese de glicogênio, uma vez que as fibras glicolíticas possuem maior velocidade de ressíntese de glicogênio, além de serem capazes de utilizar maior quantidade de lactato para reconversão ao glicogênio.

Há pouco tempo utilizava-se a freqüência cardíaca como parâmetro para decidir a carga de treinamento a ser imposta aos atletas, hoje vem sendo utilizado o conhecimento sobre a contribuição dos metabolismos energéticos, este conhecimento é importante já que, o quanto cada sistema energético é utilizado em determinado treino, a quantidade de metabólicos acumulados e substratos energéticos utilizados e o tempo que leva para recuperar são aspectos importantes no treinamento.

Dependendo da intensidade, os períodos incompletos de recuperação podem fazer com que um determinado treinamento com uma rota metabólica adquira características de outra rota, à medida que um sistema energético entre em fadiga ou com uma duração acima do ideal. Porém, este mesmo raciocínio pode ser utilizado intencionalmente uma vez que o treinador queira dentro do seu microciclo utilizar tempos incompletos de recuperação em exercícios de curta duração com característica anaeróbica podem ser realizados com maior intensidade e com predomínio do metabolismo aeróbico.

Comumente observamos a dificuldade encontrada em programar a freqüência dos estímulos. As cargas de treinamento muitas vezes oscilam entre a carga insuficiente e o estímulo excessivo, podendo levar ao excesso de treinamento. A programação da carga deve ser ótima. Se a freqüência for baixa o próximo estímulo será realizado após a fase de adaptação, onde já estaria ocorrendo uma queda na capacidade adquirida. Da mesma forma se a freqüência for muito elevada os estímulos aplicados serão na fase de recuperação, antes do período de supercompensação, o que pode levar a lesões, queda do rendimento e em alguns casos ao overtraining.

Neste sentido recomenda-se uma ou duas sessões por semana de treinamento de lata intensidade com um intervalo de 36 horas entre as sessões. Este intervalo deve-se ao fato que após o glicogênio muscular estar depletado ele pode demorar de 12 a 36 horas para se recuperar e também é tempo suficiente que demais alterações corpóreas durante o exercício se restabeleçam como pequenos reparos nas mitocôndrias, fibras musculares e demais tecidos moles devido principalmente as contrações excêntricas.

Uma forma de minimizar estes erros quanto a duração, intensidade e repouso e identificar detalhes específicos da resposta ao treinamento e melhor o planejamento, rendimento final, é manter um diário dos treinos, das cargas de utilizadas e os períodos de recuperação implementados.