No Brasil, são consideradas
idosas as pessoas com mais de 60 anos. Esta idade também é usada como
delimitador pela OMS (Organização Mundial da Saúde), quando divide
estatisticamente a população em acima e abaixo de 60 anos (Santana25, 2001, p.
43). O cenário que aguarda os que entrarão em idades avançadas no século XXI
deverá contar com políticas sociais que dêem aos idosos condições para
desfrutar de uma vida com dignidade.
O número de idosos no Brasil
já é um dos maiores do mundo: Os dados do último censo do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) apontam 14,5 milhões de pessoas com mais de
60 anos, em 2000 (IBGE8, 2002). Se o comportamento do crescimento desta
população não mudar, haverá em 2025 30 milhões de idosos (Tosta30, 2000), 16
vezes mais do que em 1950, assumindo-se os mesmos pressupostos de vários
pesquisadores (Leite12, 1999; Kalache10 et al., 1987; Ramos22, 1993; VERAS32,
33, 1994, 2002).
O Brasil tem experimentado
uma transição epidemiológica com alterações relevantes no quadro de
morbimortalidade. As doenças infecto-contagiosas, que em 1950 representavam 40%
das mortes registradas no país, hoje são responsáveis por menos de 10% (RADIS:
“Mortalidade nas Capitais Brasileiras, 1930-1980”). O oposto ocorreu em relação
às doenças cardiovasculares: em 1950 eram responsáveis por 12% das mortes e,
atualmente, representam mais de 40% (IBGE9, 2003).
Pesquisa realizada por
Karsch11 (1998) apontou que o Brasil apresenta a segunda maior taxa de
mortalidade por acidente vascular cerebral (AVC) no mundo, que constitui a
maior causa de morte para homens e mulheres brasileiros acima de 65 anos.
Evidenciou ainda que pessoas a partir de 55 anos compõem o grupo de risco para
essa patologia.
As alterações do sistema
nervoso central (SNC) e periférico (SNP) que ocorrem no envelhecimento normal
foram comparadas com os distúrbios neurológicos mais freqüentes relacionados
com a idade, ressaltando-se que, em se tratando de neurologia geriátrica, a
infinidade de sintomas apresentados pela população de idosos não deve ser
explicada por uma única doença. As intervenções fisioterapêuticas são eficazes
em intensificar a recuperação após lesão cerebral, ou mesmo retardar a
sintomatologia nos casos de doenças degenerativas; porém, deve-se examinar
criteriosamente o que fazer e como fazê-lo. Resultados experimentais sugerem
que, apesar de a maior recuperação ocorrer num curto período de tempo após a
lesão, a recuperação pode continuar durante vários anos, sugerindo que, a
princípio, a terapia mais intensa seja instituída precocemente para ser mais
efetiva (Rebelatto e Morelli23, 2004).
A abordagem dos critérios
específicos de elegibilidade da assistência domiciliar, assim como a relação
entre a assistência domiciliar e a hospitalar, têm apontado a necessidade de
regulamentar essa modalidade de assistência. Como parte do assunto, tem-se discutido
o homecare como uma proposta de desospitalização no Brasil (Mendes14, 2001).
A preocupação em demonstrar
a importância da assistência domiciliar e a influência do valor histórico,
cultural e psicológico no envelhecimento e nas incapacidades, contando com a
experiência profissional da autora na área de geriatria.
Apesar de inúmeras fontes
literárias, em geral recentes, falarem competentemente sobre o assunto,
torna-se de grande valia o trabalho de serviços clínicos ligados ao idoso, para
se perceber as diferentes dimensões dessas incapacidades, em particular,
através da vivência e da prática profissional mediante o contato pessoal, que
permite conhecer seu mundo e seus valores, e analisar suas causas e
conseqüências sob a ótica existencial desse idoso.
A respeito das estruturas de
atendimento, tende-se a recomendar uma estratégia integrada: família, hospital
geriátrico e, para os não-auto-suficientes, a assistência domiciliar. Este tipo
de assistência não pode ser considerado um substituto dos tratamentos
hospitalares, mas deve ser associado ao sistema de saúde, permitindo assim que
se limite o recurso à hospitalização. No entanto, nada disto terá efeito se a
falta de difusão do conhecimento geriátrico junto aos profissionais de saúde
não for resolvida. A dificuldade na abordagem terapêutica do paciente idoso
leva a um atendimento de baixa qualidade e, conseqüentemente, é desfavorável ao
combate da incapacidade e da perda da autonomia gerada pela evolução das
doenças crônicas.
O número de idosos com
limitações e incapacidades geradas pelas doenças crônicas no envelhecimento é
preocupante, pela perspectiva do aumento desses casos, o que se reflete
diretamente na saúde pública, no contexto social e no político. É preciso que a
questão seja eficazmente abordada de forma educacional e assistencial, focada
na humanização voltada para o idoso e não para a doença, buscando assim um
fluxo saudável no envelhecimento humano, necessário para permitir o livre fluxo
do desenvolvimento do país.
Pode-se concluir que a
demanda pelo serviço de fisioterapia domiciliar é ocasionada principalmente
pelas doenças crônicas, confirmando o crescente perfil demográfico da população
idosa. A fisioterapia domiciliar apresenta estatisticamente o tipo prevalente
de utilização a motora e mostrou que oferece um resultado de 35% de melhora
considerável dos fatores relacionados ao quadro de restrição no leito.
A reabilitação no envelhecimento
é complexa, necessitando de uma abordagem multidisciplinar, com a difusão do
conhecimento geriátrico junto aos profissionais de saúde para que possa fazer
frente a sua heterogeneidade. O atendimento domiciliar de fisioterapia tem na
sua essência a aproximação maior com o paciente e seus valores, facilitando uma
melhor e mais ampla abordagem terapêutica em geriatria.
Em suma,
recomenda-se que o atendimento domiciliar de fisioterapia seja priorizado
precocemente, para uma melhor resposta na atuação terapêutica.
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